Wednesday, October 27, 2010

Ritmo.

Dia desses eu brincava com um relógio de parede de cozinha, modesto, leve e branco, como todos os bons relógios de cozinha. O moço passou, olhou, metaforizou e pediu que, por favor, atirasse logo aquilo pela janela - simples assim, como quando eu era criança e gostava de jogar copos janela abaixo. Idéia tentadora, vontade nostálgica. Mas o caso é que a quebra não me parece destino possível ao maior e mais misterioso definidor de destinos. Tempo.
O relógio continua aqui, comigo. É o movimento dos ponteiros, é o som dos meus passos, dos meus dedos no teclado. É o som da cidade e o som do silêncio, é a presença permanente de um tempo que nunca é o mesmo. É o tempo em mim. Marcado, constante, ritimado e, sempre, novo.

1 comment:

Unknown said...

Parabéns, estás melhorando muito... esse, o recanto, e o sorriso de cair da rede estão ótimos. Os demais estão técnicos, lembra-me de livros de poemas de livros que não gostava de ler, ainda que fossem precisos em seus ensinamentos. Mas poesia é isso também, saber por ali alguma coisa, a alguém sempre é lindo e sempre serve. Mas repito, está muito bom.
Ps. devias ter jogado o relógio