Para deixar ir.
Observo sua mala vazia enquanto você tenta decidir o que deve pôr nela. Observo enquanto empreende os maiores esforços para compactar objetos, de modo que caibam nela o banco de jardim da casa antiga, a luminária verde que nos saúda da entrada do sítio de amigos e os figurinos de todas as apresentações teatrais - devidamente compreendidos nesse grupo o chapéu coco e os legumes de plástico. Desejo inutilmente que você encontre em tão pequeno compartimento espaços para as minhas palavras não ditas e as aproximações não realizadas. Passeio o olhar pela casa tentando descobrir o quanto da casa se vai com você e nesse instante percebo que sua concentração é tamanha que basta que você a leve, e mais nada, para ir completo. Ficamos eu, a mala, a casa, a lembrança, meio desabitados de você, meio carregados na sua concentração.
1 comment:
Esse é um lindo texto-naiana :D
Achei um exemplo de poesia em prosa... heheehe
beijos
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