Friday, January 28, 2011

Amor.

Para compreender como é possivel encontrar tanta beleza em cantos que conhecem tanta guerra, como consigo estar no céu mesmo de dentro do meu pequeno quarto cubicular. Como os homens passam pela história e a história passa pelos homens, vaga-lumes no firmamento da memória. Como meu café preto puro simples tem o sabor da alegria mais leve, como música antiga pode ser a companhia mais presente. Compreender que não é preciso compreender tudo para sentir e saber.

Amar e mudar as coisas me interessa mais.

Amor.

Chove lá fora, e eu tenho uma porção de coisas pra aprender.

Monday, January 24, 2011

Grito.

Grave instante
chega grande
bate em cheio
e do meu peito
se espande
tão ligeiro
que vou junto
sem receios
até sermos
som e eu
contínuo pulso
do mundo.

Monday, January 17, 2011

Princípio.

Reconhecer novos sentidos nas mesmas coisas
viver novas coisas com antigos sentidos
renovar sempre as coisas, sentidos e destinos.
Eis um bom caminho.

Saturday, January 08, 2011

Estrada

O ano terminava e éramos uma família viajando, Cento e cinquenta e oito anos compartimentados em um pequeno veículo, livros, amigos, redes e chocolates na bagagem, música por todo o caminho, presentes e bons pensamentos de natal. Parece pequeno, apertado, desmovimentado. Não é. É que quando estamos assim, estradeiros, os destinos de ida e de volta todos verdes, a boa vista à frente e pelo retrovisor, o sentimento viaja e compreende todo o mundo. O mundo além de tempos e distâncias. Felicidade adiante, alegria no retrovisor. O ano começa e somos uma família viajando.

Friday, December 24, 2010

Dezembro.

Pensei em perguntar que instantes tão bonitos correspondiam ao pão de creme que te fez comentar que comia lembranças. Um dia talvez você me conte, talvez não. Um dia talvez você me conte as coisinhas que tanto guarda de mim em tom de mistério, talvez não. Fato é que sua presença em si já é das coisas mais misteriosas: a gente passa a noite em um lugar que consegue ser restaurante, padaria e mercado, ao mesmo tempo. Junto a mil opiniões novas e antigas, suspiros que devem conter mais algumas lembranças, causos e pessoas intercaladas entre as mil horas de conversa. Até que a noite passe por nós e o dia nos encontre em uma padaria legal pra tomar o café da manhã antes de você me comprar o jornal e meus confeitos preferidos e nos despedirmos com um singelo 'feliz natal'. Misterioso como somos uma manhã de natal, e ainda o seriamos se fosse agosto. Misterioso descobrir que isso me faz mais feliz do que pensei que conseguiria ser.

Sunday, December 19, 2010

Dezembro.

'É um mês abençoado.'
-É, é sim, é quando o tempo faz aniversário.

Dezembro.

Ahhhh meu Deus,
como a vida é boa.
Gratidão.
Amém!

Saturday, December 18, 2010

Dezembro.

Para deixar ir.
Observo sua mala vazia enquanto você tenta decidir o que deve pôr nela. Observo enquanto empreende os maiores esforços para compactar objetos, de modo que caibam nela o banco de jardim da casa antiga, a luminária verde que nos saúda da entrada do sítio de amigos e os figurinos de todas as apresentações teatrais - devidamente compreendidos nesse grupo o chapéu coco e os legumes de plástico. Desejo inutilmente que você encontre em tão pequeno compartimento espaços para as minhas palavras não ditas e as aproximações não realizadas. Passeio o olhar pela casa tentando descobrir o quanto da casa se vai com você e nesse instante percebo que sua concentração é tamanha que basta que você a leve, e mais nada, para ir completo. Ficamos eu, a mala, a casa, a lembrança, meio desabitados de você, meio carregados na sua concentração.

Wednesday, December 15, 2010

Dezembro.

"Despreocupa-se e pensa no essencial"

Friday, December 10, 2010

Dezembro.

Começa o ano em mim. Como mamãe ensinou, de manhãnsinha entrego ao sol o que não agrada, recebo dele as cores do dia, meu corpo cora. Para o ano que chega, limpído claro puro simples, água no meu rosto, flores pela casa, para a alma, canções.
Busco em mim os sinais do tempo. Encontro tamanhos e espaços no mundo que muito me encantam. E se por um instante uma sombra acinzenta o olhar, se dor, felicidade e incerteza se confundem na memória. Os amigos por perto, o riso solto, o afeto e o afago transcendem quaisquers desventuras: beleza e alegria compõem o tempo em nós.
Dez de dezembro de dois mil e dez para um ano bom.

Monday, December 06, 2010

Dezembro.

Em tempo de breu e brasa,
venha vento e alvorada.
Retornando a calmaria,
cor, coração, alegria.

Valsa para as madrugadas
samba para amanhecer o dia.
Algodoar para o tato
força no trato da terra
ternura sincera no olhar.

Ar para mergulhar
ao mais profundo mar de si
e ao voltar, vastidão.
Levantar vôo e ser
também, céu azul.

Thursday, December 02, 2010

Dezembro.

Trago comigo algumas estrelas. No nome, nos olhos, na pele. Busco estrelas, sua presença, seus significados e sentidos, os caminhos que indicam. Carrego estrelas e confirmo: feliz é escolher, acolher e viver o que me escolheu.

Wednesday, December 01, 2010

Dezembro.

'Você metade gente
e metade cavalo
Durante o fim do ano
cruza o planetário

Cavalga elegância
Cabeça em pé de guerra mansa
Nas mãos arco e flecha
Meu coração
Aguarda e acompanha
seu itinerário
Até o fim do ano
ser de sagitário

Você metade gente
e metade cavalo'

Thursday, November 25, 2010

Imensidão.

Cabe tanto na gente, tanto tempo, tanta idéia de ir a marte e voltar, tanto pássaro na garganta, vento no cabelo, vôo no olhar. Que chega a ser estranho a gente terminar cabendo num instante, em pensamento, em um potinho que mamãe sonha em guardar na estante ou em uma 3x4 pregada em um documento que a gente mostra ao seu guarda pra dizer que é gente. Como se sorrir não mostrasse quanta vida cabe em nós, como se sorrir não bastasse.

Hasta luego.

Fato é que as mais diversas e ritualisticas formas de dizer adeus só dizem o quanto não queremos ir. O ritual mais querido ainda não inventamos: magia para o sem fim. Nem sei se é mesmo preciso. O adeus no mundo não despede em mim.

Wednesday, November 24, 2010

Mil tons

"Nada de novo no meu mundo
e o sol a cada dia
na noite a escuridão
Tudo de novo no meu mundo
comigo eu carego
beleza e canção"

Friday, November 19, 2010

Estou indo.

Todo dia me despeço um pouquinho de mim mesma, é ritual sem fim. E se vão comigo tantos desesperos e desamparos que se faz preciso fincar os pés no chão, respirar profundo e dizer adeus. Depois disso é acolher o vazio. É se reinventar para o que há de vir. Bem-te-vi, bem-te-vem.

Sunday, November 14, 2010

Ar te.

Chego da aula carregando o mundo e, ao mesmo tempo, leve feito algodão doce. Um olhar breve revela meu joelho todo cheio de pintinhas roxas, hematomas nos mais diversos tamanhos e tons. Mil memórias de desacertos bobos ou não e mil perdões por cada um deles. Graças e risadas. Medo, desejo e dor. Tantas incertezas que não cabem em mim e dentro delas uma vontade infinita de aprender.
Escrever é estar em casa. preciso e amo. Teatrar é tatear um canto novo a cada instante, é conhecer, descobrir, desbravar e, algumas vezes, consquistar mil mundos dentro e fora de mim. Preciso e amo.

Friday, November 12, 2010

Praticidade.

Depois da segunda vez em que procurou maçãs e só encontrou tomates, que comeu assim mesmo, feito fruta madura, resolveu-se: plantou no quintal mil macieiras e, pro caso de quaisquer saudosismos, um ou dois tomateiros.